Filipe Fontes
3 min readJul 3, 2019

Porque a família é a responsável pela educação?

A responsabilidade da família na educação é uma questão meio contraditória na atualidade. De um lado, a maioria das pessoas e das perspectivas pedagógicas costuma afirmar essa responsabilidade. De outro, o número de famílias que a transfere para outras instituições (como a igreja ou a escola por exemplo) e o de instituições que aceitam essa transferência com naturalidade cresce a cada dia.

Para a educação cristã, no entanto, não há contradição. A família é a instituição responsável pela educação. Afirmar isso não é seguir um imperativo caprichoso. Os imperativos bíblicos nunca são assim. São sempre a expressão da vontade do Deus criador, e revelação da ordem criacional. Em outras palavras, Deus nunca dá ordens por acaso. As ordens de Deus expressam a ordem do mundo que Ele criou e revelam a melhor maneira de viver nele.

Sendo assim, não é a toa que a família é a responsável pela educação. É que ela é a instituição pedagógica por excelência; aquela que possui as melhores condições para o cumprimento desta tarefa.

Considere algumas das vantagens da família em relação a outras instituições:

1) A família exerce influência sobre a vida de um indivíduo desde os primeiros momentos da vida. Toda criança vem ao mundo no contexto de uma família, e é neste contexto que ela obtém suas primeiras impressões sobre Deus, sobre si mesma, sobre os outros e sobre o mundo. Os estudiosos do comportamento humano são unânimes em afirmar que essas primeiras impressões tem um profundo impacto formativo na vida de todos nós, e que carregamos traços adquiridos neste momento inicial ao longo de toda a vida.

2) A família é um ambiente natural de afeto e confiança. Estudiosos da educação têm afirmado, com frequência, a importância dos vínculos de afetividade e confiança na pavimentação da relação ensino-aprendizagem e nossa experiência pessoal confirma que isso é verdade. Todos sabemos que aprendemos facilmente com as pessoas a quem amamos e em quem confiamos, e tendemos a nos fechar para o aprendizado quando estamos sendo ensinados por pessoas pelas quais nutrimos antipatia. Neste sentido, a família está a frente de todos os outros agentes educacionais. Pois, enquanto nestas instituições os vínculos de afetividade e confiança precisam ser criados, na família eles existem naturalmente. É verdade que experiências negativas podem fazer com que esses vínculos sejam desfeitos, mas isto apenas confirma o que estamos dizendo sobre a naturalidade deles.

3) A maior parte da educação ministrada pela família é informal, e há um sentido no qual este tipo de educação leva vantagem sobre a educação formal, ministrada pela escola, por exemplo. Os professores precisam se desdobrar para relacionar o ensino que ministram à experiência dos alunos.
Na sala de aula, eles precisam se desdobrar para reproduzir circunstâncias reais, a fim de aplicar o seu ensino a situações concretas da vida do aluno. Na família isto não é necessário. Ali a educação acontece na própria concretude da existência, e se vale de situações nas quais o indivíduo está diretamente envolvido, e, portanto, precisará, necessariamente, viver e interpretar.

4) A família é um ambiente no qual o aprendizado é
necessário. Em outras instituições um indivíduo pode escolher, com relativa facilidade, se irá se submeter ou não ao ensino ministrado. E, frequentemente, a resposta dos indivíduos a circunstâncias de desconforto vivenciadas nessas instituições é a fuga. Não é tão complicado mudar de escola ou de igreja, por exemplo. Mas fugir da família ou substituí-la, não é tão fácil assim. A família é o nosso reduto final de segurança, e a implicação pedagógica disto é que, nela, até mesmo as experiências mais desconfortáveis precisam ser vivenciadas e elaboradas, resultando em aprendizado.

Você entende porque a família é a responsável pela educação das crianças? Não há instituição mais apropriada para esse tarefa do que ela!